PREVALÊNCIA DE LEUCEMIAS E ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO EM UM HOSPITAL PEDIÁTRICO NO SUL DO BRASIL

Tanara Arenhart, Bárbara Magagnin Moreira, Simone Moreira Soares, Deli Grace de Barros Araújo

Resumo


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo analisar os casos de leucemias mais prevalentes entre 2008 a 2015 em um hospital pediátrico no sul do Brasil e correlacionar as leucemias com possíveis fatores de risco. Portanto, foi realizada uma pesquisa descritiva, quantitativa e retrospectiva, onde os pacientes incluídos tinham entre 0 e 17 anos, com leucemia, tratados no período de Janeiro de 2008 a Março de 2015, no setor de oncologia pediátrica de um centro de referência estadual, totalizando 96 casos. Após a análise estatística, verificou-se que a Leucemia Linfóide Aguda foi o tipo de leucemia mais frequente, correspondendo a 73,96% dos casos, sendo o sexo masculino mais acometido (61,97%), com um pico de prevalência entre 2 a 5 anos de idade (39,45%) e raça branca (91,55%). A Leucemia Mielóide Aguda foi a segunda mais prevalente, representando 23,96% dos casos, também acometendo mais o sexo masculino (52,17%) e com a maioria dos pacientes de raça branca (91,30%). Na Leucemia Linfóide, 69,01% dos pacientes sobreviveram e 30,99% foram a óbito e o fator de risco mais significativo para o óbito foi o índice de recidiva (p = 0,000). Na Leucemia Mielóide, 52,17% dos pacientes permaneceram vivos e 47,83% foram a óbito, sendo a imunofenotipagem um fator prognóstico relevante para o óbito (p = 0,017). Portanto, concluiu-se que a Leucemia Linfóide Aguda acomete a grande maioria dos pacientes infantis, porém, a Leucemia Mielóide possui uma progressão mais rápida e leva os pacientes a óbito em um menor período de tempo. Na Leucemia Linfóide, o fator determinante para o óbito foi a recidiva da doença, e na Mielóide, os piores prognósticos foram representados pela LMA-M0, M2 e M5.


Palavras-chave


Leucemias pediátricas; Leucemia linfóide aguda; Leucemia mielóide aguda.

Texto completo:

PDF

Referências


AZMA, R. Z. et al. Juvenile myelomonocytic leukemia: a case series. Malays. J. Pathol., Malásia, v. 31, n. 02, p. 121-128, dez. 2009. Disponível em: .

BAIN, B. J. Diagnóstico em Leucemias. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2003.

BARRETO, L.H.S. Estudo de sobrevida em crianças portadoras de leucemia linfoblástica aguda. Dissertação apresentada ao Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia para obtenção do grau em mestre, Salvador, 2001.

BELSON, M.; KINGSLEY, B.; HOLMES, A. Risk factors for acute leukemia in children: a review. Environ. Health. Perspect., Atlanta, v. 115, n. 01, p. 138-145, jan. 2007. Disponível em: .

BORIM, L. N. B. et al. Estado nutricional como fator prognóstico em crianças portadoras de Leucemia Linfocítica Aguda. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., São José do Rio Preto, v. 22, n. 01, p. 47-53, 2000. Disponível em: .

BUSTAMANTE-TEIXEIRA, M.; FAERSTEIN, E.; LATORRE, M. R. Técnicas de análise de sobrevida. Cad. Saúde Pública., Rio de Janeiro, v. 18, n. 3, p. 579-594, maio/jun. 2002. Disponível em: .

CHAN, R. J. et al. Juvenil Myelomonocytic Leukemia: A report from the second International JMML Symposium. Leuk. Res., v. 33, n. 03, p. 355-362, 2009. Disponível em: .

CHESON, B. D. et al. Revised recommendations of the International Working Group for Diagnosis, Standardization of Response Criteria, Treatment Outcomes, and Reporting Standards for Therapeutic Trials in Acute Myeloid Leukemia. J. Clin. Oncol., v. 21, n. 24, p. 4642-4649, dez. 2003. Disponível em: .

COUSTAN-SMITH, E. et al. Clinical significance of minimal residual disease in childhood acute lymphoblastic leukemia after first relapse. Leukemia, v. 18, n. 03, p. 499-504, mar. 2004. Disponível em: .

EINSIEDEL, H.G. et al. Long-term outcome in children with relapsed ALL by risk-stratified salvage therapy: results of trial acute lymphoblastic leukemia-relapse study of the Berlin-Frankfurt-Munster Group 87. J. Clin. Oncol., v. 23, n. 31, p. 7942-7950, nov. 2005. Disponível em: .

EMANUEL, P. D. Juvenil myelomonocytic leukemia and chronic myelomonocytic leukemia. Leukemia., Arcansas, v. 22, n. 07, p. 1335-1342, jun. 2008. Disponível em: .

FARHI, D. C.; ROSENTHAL, N. S. Acute lymphoblastic leukemia. Clin. Lab. Med., v. 20, p. 17-28, 2000. Disponível em: .

FERRARA, F. Unanswered questions in acute myeloid leukaemia. Lancet Oncol., v. 05, n. 07, p. 443-50, jul. 2004. Disponível em: .

FLOTHO, C.; KRATZ, C. P.; NIEMEYERS, C. M. How a rare pediatric neoplasia can give important insights into biological concepts: a perspective on juvenile myelomonocytic leukemia. Haematologica., Frisburgo, v. 92, n. 11, p. 1441-1446, nov. 2007. Disponível em: .

GIL, E. A. Investigação das alterações citogenéticas em pacientes pediátricos com Leucemia Linfóide Aguda do Rio Grande do Norte. Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2011.

GROVES, F. D.; LINET, M. S.; DEVESA, S. S. Patterns of occurrence of the leukaemias. Eur. J. Cancer., v. 31, n. 06, p. 941-949, jun. 2007. Disponível em: .

HALL, G. W. Childhood myeloid leukaemias. Best. Pract. Res. Clin. Haematol., v. 14, n. 03, p. 573-591, 2001.

HAMERSCHLAK, N. As leucemias no Brasil. Rev. Onco., São Paulo, p. 20-23, nov./dez. 2012. Disponível em: .

HAMERSCHLAK, N. Leucemia: fatores prognósticos e genética. J. Pediatr. Rio J. Porto Alegre, v. 84, n. 04, p. 552-557, ago. 2008. Disponível em: .

HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013, 464 p.

IBAGY, A. et al. Leucemia linfoblástica aguda em lactentes: 20 anos de experiência. J. Pediatr. Rio J., Porto Alegre, v. 89, n. 01, p. 64-69, jan./fev. 2013. Disponível em: .

INCA. Instituto nacional de câncer José Alencar Gomes da Silva. Disponível em: .

IOVINO, C. S.; CAMACHO, L. H. Acute myeloid leukemia: a classification and treatment update. Clin. J. Oncol. sNurs., v. 07, n. 05, p. 535-40, set. 2003. Disponível em: .

KEBRIAEI, P.; ANASTASI, J.; LARSON, R. A. Acute lymphoblastic leukemia: diagnosis and classification. Best. Pract. Res. Clin. Haematol., v. 15, n. 04, p. 597-521, dez. 2002. Disponível em: .

LEITE, E. P. et al. Fatores prognósticos em crianças e adolescentes com Leucemia Linfóide Aguda. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife, v. 07, n. 04, p. 413-421, out./dez. 2007. Disponível em: .

LONGO, D. L. Hematologia e Oncologia de Harrison. 2a ed. Massachusets: Artmed, 2015, p. 528.

LORENZI, T. F. Manual de hematologia: Propedêutica e clínica. 4 ed. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

LÖWENBERG, B. Prognostic factors in acute myeloid leukaemia. Best. Pract. Res. Clin. Haematol., v. 14, n. 01, p. 65-75, mar. 2001. Disponível em: .

LUSIS, M. K. P. Classificação FAB das leucemias mielóides agudas. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v. 22, n. 02, p. 1175-1178, 2000.

MARTINS, S.L.R.; FALCÃO, R.P. A importância da imunofenotipagem na Leucemia Mielóide Aguda. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 46, n. 01, mar. 2000. Disponível em: .

MELO, M. Leucemias & Linfomas: Atlas do Sangue Periférico. 1 ed. São Paulo: LMP Editora, 2008, 168 p.

MENDONÇA, N. Leucemia mielóide aguda na criança: como andamos no Brasil? J. pediatr., Rio de Janeiro, v. 79, n. 06, p. 476-477, 2003. Disponível em: .

NIEMEYER, C. M.; KRATZ, C. P. Juvenile Myelomonocytic Leukemia. Curr. Treat. Options Oncol., v. 04, p. 203-210, 2003.

NIH: National Cancer Institute. Disponível em: .

OLIVEIRA, B. M.; DINIZ, M. S.; VIANA, M. B. Leucemias agudas na infância. Rev. Med. Minas Gerais., v. 14, n. 01, p. 33-39, 2004. Disponível em: .

PUI, C.; EWANS, W. E. Treatment of acute lymphoblastic leukemia. New Engl. J. Med., Tennessee, v. 354, n. 02, p. 166-178, jan. 2006. Disponível em: .

ROBINSON, L.L. Late effects of acute lymphoblastic leukemia therapy in patients diagnosed at 0-20 years of age. Hematology Am. Soc. Hematol. Educ. Program., v. 2011, n. 1, p. 238-242, 2011. Disponível em: .

SEEGER, K. et al. Relapse of TEL-AML1-positive acute lymphoblastic leukemia in childhood: a matched-pair analysis. J. Clin. Oncol., v. 19, n. 13, p. 3188-3193, jul. 2001. Disponível em: .

SIDDIQUI, E. E.; HANIF, S. Juvenile myelomonocytic leukaemia. Pak. J. Med. Sci., v. 24, n. 01, p. 175-177, 2008. Disponível em: .

SILVA, D. B.; PIRES, M. M. S.; NASSAR, S. M. Câncer pediátrico: análise de um registro hospitalar. J. Pediatr., v. 78, n. 05, p. 409-414, 2002. Disponível em: .

SILVA, M.L. et al. Cytogenetic analysis of 100 consecutives newly diagnosed cases of ALL in Rio de Janeiro Brazilian children. Cancer Genet. Cytogenet., v. 137, n. 02, p. 85-90, 2002. Disponível em: .

SILVEIRA, N. A.; ARRAES, S. M. A. A. A imunofenotipagem no diagnósitico diferencial das leucemias agudas: uma revisão. Arq. Mudi., Maringá, v. 12, n. 01, p. 5-14, 2008. Disponível em: .

SMITH, M. A. et al. Outcomes for children and adolescents with cancer: challenges for the twenty-first century. J. Clin. Oncol., v. 28, n. 15, p. 2625-2634, maio 2010. Disponível em: .

SMITH, M. et al. Uniform approach to risk classification and treatment assignment for children with acute lymphoblastic leukemia. J. Clin. Oncol., v. 14, n. 01, p. 18-24, jan. 1996. Disponível em: .

STILLER, C. A. et al. Population mixing, socioeconomic status and incidence of childhood acute lymphoblastic leukemia in England and Wales: Analysis by census ward. Br. J. Cancer., Reino Unido, v. 98, n. 5, p. 1006-1011, mar. 2008. Disponível em: .

YAMAMOTO, M. Imunofenotipagem em leucemias mielóides. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., v. 22, n. 02, p. 169-174, 2000.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.